30 janeiro 2012

Entrevista | Ruta Sepetys | A Vida Em Tons De Cinza

Olá tracinhas, boa noite!


Estou muito feliz, feliz comigo mesma, porque consegui a primeira entrevista para o Razão e Resenhas.
Sim, e entrevista internacional \o
Se lembram quando contei sobre ter ganhado um lindo livro, chamado A vida em tons de cinza, que li e amei, então...


Tem um tempinho já, entrei em contato com a escritora americana Ruta Sepetys, descendente de Lituanos, solicitando essa entrevista.
E então hoje, agora a pouco abri meu email e lá estava, as respostas  da entrevista que a autora tão gentilmente concedeu a mim e ao blog.
Nem posso expressar o quanto isso é legal, o quanto estou feliz.

Nascida e criada em Michigan, nos Estados Unidos, Ruta Sepetys é filha de um lituano refugiado. Os países bálticos – Estônia, Letônia e Lituânia – sumiram do mapa em 1941, anexados pela União Soviética, e só reconquistaram sua independência na década de 1990. Com A vida em tons de cinza, seu primeiro romance, Ruta pôde dar voz às centenas de milhares de pessoas que, de alguma forma, foram atingidas pelo genocídio perpetrado por Stalin. Ruta mora com a família no Tennessee.








Vamos a entrevista, que traduzi e transcrevi do email que Ruta me enviou.







Em primeiro lugar Ruta,  quero agradecer de coração a oportunidade de levar sua palavra, um pouco de suas emoções aos seguidores do meu blog.
Pois tenho falado tanto do seu livro, que a curiosidade a respeito da escritora está enorme.

Vamos as perguntas?

Viviane -  Eu assisti o vídeo. Nele eu vi que você descobriu os horrores de seu povo perguntando sobre fotos de seus avós, o que sentiu quando descobriu que eles tinham que ser ignorados por causa de toda a sua família?
Ruta -  A história guarda segredos. Mas os segredos podem ser dolorosos e segredos podem ser destrutivos.Quando eu estava na Lituânia em reunião com membros da minha família e eles me disseram que haviam queimado todas as fotos da minha família, porque não podiam deixar ninguém saber que eles se relacionavam com o meu avó foi muito ruim. Muitas pessoas nos países bálticos tinham experimentado o terror de Stalin, mas nunca tinham falado dele por medo das consequencias. As histórias de ocupação soviética e Stalin são raramente discutidas. E ocorreu-me, há tantos heróis que nunca tivemos oportunidade de conhecer ou ouvir falar. Nós nunca fomos capazes de celebrar a sua bravura ou consolar pelo seu arrependimento. Eles estão sem nome e sem rosto. Então, eu fiquei inspirada para escrever o livro, e homenagear as muitas pessoas que foram deportadas para a Sibéria por Stalin.

Viviane - Você também disse no vídeo que seu livro foi revisado e que antes disso ele estava muito sinistro sinistro,triste. Explique-nos sobre isso.
Ruta -  Sim, o manuscrito original foi bastante deprimente. Meu editor me pediu para amplificar os elementos de esperança para equilibrar o horror do livro. Acho que foi uma decisão muito sábia e estou tão grata que meu editor tenha se esforçado tanto para com meu manuscrito. Eu , pessoalmente, gosto de livros obscuros e tristes, mas a maioria dos leitores preferem que tenham sequer um lampejo de esperança.

Viviane - Ruta, o povo lituano foi gratificado de alguma forma, pelos horrores que sofreram com a deportação para Sibéria, e pelo genocídio?
Ruta - Talvez à partir de agora sejam, grande parte do mundo ainda não sabe nada do que aconteceu com os lituanos, quando eles estavam sob domínio soviético de 50 anos.

Viviane - O que você sente, depois de ter seu livro publicado no Brasil por uma editora do tamanho da Editora Arqueiro? Você está ciente de que seu livro está causando muita emoção aos leitores brasileiros ?
Ruta - Palavras não podem escrever como sou grata, e como estou animada com meu livro sendo publicado no Brasil pela Editora Arqueiro! Eles são uma editora maravilhosa, e todos na empresa tem sido cheios de amor e entusiasmo. Eu sou uma autora muito sortuda! Meus sinceros agradecimentos a Editora Arqueiro!

Viviane - Sei que a inspiração para escrever  foi falar ao mundo o que seus descendentes passaram. O que sentiu quando visitou todos aqueles lugares inóspitos  e tristes?
Ruta - Encontrei-me com os sobreviventes, familiares, historiadores, psicólogos e membros do governo. Muitas pessoas me disseram: "Vou dizer-lhe o que aconteceu comigo, mas só se você prometer nunca mencionar o meu nome". Mais de cinquenta anos se passaram, mas o medo e a dor ainda estava crua. Muitas pessoas choraram durante as entrevistas e eu queria parar, mas elas insistiam para que continuássemos.Foi tão doloroso, ouvir as pessoas descreverem como eles perderam seus entes queridos.Quando voltei da Lituânia senti um enorme senso de responsabilidade para fazer o trabalho o melhor que pudesse, para honrar as pessoas e famílias que passaram tantos anos na Sibéria.

Viviane - O povo lituano hoje já pode falar sem represálias sobre o holocausto?
Ruta - Sim, hoje o povo lituano é livre para falar sobre o que aconteceu. Há muitos livros e biografias agora publicadas na Lituânia (em língua lituana) por sobreviventes.

Viviane - Ruta, como você foi recebida pelas autoridades em todos esses lugares onde eles cometeram esses crimes de guerra?
Ruta - As pessoas na Lituânia e na Letônia foram incríveis, foram o grande suporte do livro. Eles me ajudaram de tantas maneiras. Espero que um dia o livro possa também ser publicado na Rússia.

Viviane - Você foi alguma vez ameaçada?
Ruta - Não, eu não tenho sido ameaçada. Acho que as pessoas percebem que, apesar de eu ter escrito o livro, essa não é a minha história. Essa história pertence a Lituânia, Letônia e Estónia. Estou simplesmente dando voz às pessoas que não têm a oportunidade de contar sua história.

Viviane - Igual as pessoas que passaram por tudo aquilo, você acredita que o amor cura tudo?
Ruta - Eu perguntei para  muitos dos sobreviventes se eles guardam ressentimentos do que passaram e eles repetidamente me disseram que é impossível de curar se você carrega o ódio em seu coração. Disseram-me que eles aprenderam a usar o seu sofrimento como um professor espiritual.

Viviane - Tenho o seu livro, como já disse, ganhei de uma amiga querida, e todos a quem empresto, ou recomendo e o compram, e o leem ficam extremamente sensibilizados.
Peço a você então, que deixe uma mensagem aos seus leitores brasileiros.
Ruta - "To the Readers in Brazil,

Thank you for reading Between Shades of Gray. I am so grateful! The book is fiction, but represents the journey of so many victims who will never have the opportunity to tell their stories. Through studying these tragic parts of history, perhaps we can learn from them and create hope for a better future. Thank you for sharing the book with others and being part of the healing process. I hope to see you very soon in Brazil!

Love leads us to freedom,

Ruta Sepetys"

[ Para os leitores no Brasil,

Obrigado por lerem A Vida em tons de Cinza. Sou muito grata! O livro é ficção, mas representa a jornada de tantas vítimas que nunca terão a oportunidade de contar suas histórias. Através do estudo dessas peças trágicas da história, talvez possamos aprender com eles e criar esperança para um futuro melhor. Obrigado por compartilhar o livro com os outros e ser parte do processo de cura. Espero vê-los muito em breve no Brasil!

O amor nos leva à liberdade,

Ruta Sepetys]

Viviane - Uma última pergunta Ruta. Visitar o Brasil está em seus planos recentes?  Está escrevendo outro livro, caso sim, o que devemos esperar dessa próxima história? Desculpe, duas perguntas em uma .
Ruta - Sim, eu estou esperando visitar o Brasil este ano! E sim, eu terminei meu próximo livro. A história se passa em Nova Orleans em 1950 e estou muito animada com isso. Será publicado na Primavera de 2013.

Obrigado, agradeço por me entrevistar para seu blog! Os leitores podem seguir-me nos meus links abaixo.

Atenciosamente,

Ruta

Ruta Sepetys
Autora de "A vida em tons de Cinza"



Aqui está o vídeo (booktrailer), depois que o assisti  enlouqueci querendo o livro, até que o ganhei de presente de uma amiga, a Babi, seguidora aqui do Razão e Resenhas.

" No auge do inverno, finalmente percebi que dentro e mim havia um verão invencível. "




[Resenha do livro vai ser postada terça-feira]

Boa noite pessoal, espero que tenham gostado, a autora foi muito gentil, e como eu disse antes, me sinto realizada hoje . E sim, pirei qd li que o próximo livro dela se passa em Nova Orleans, pois eu amo de paixão essa parte dos Estados Unidos, pela razão óbvia, terrinha de meus vampiros mais lindos *.* ( tá parei). Beijos da Blood !






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27 comentários:

  1. Parabéns por esta conquista, o livro parece ser realmente muito bom.
    A frase "No auge do inverno, finalmente percebi que dentro e mim havia um verão invencível." é muito forte e uma conquista de poucos esta mentalidade.

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    1. Christian, olha, esse livro é lindo, é uma história que me deixou atônita,pelos fatos narrados. Por isso essa entrevista foi uma conquista pessoal pra mim, obrigada pela visita, e aconselho e recomendo a comprar e ler A vida em tons de cinza.

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  2. adorei essa entrevista, ela é um doce de pessoa, né ?

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    1. Sim, amável, não respondeu de forma mecânica em nenhuma de minhas perguntas. Fiquei emocionada com o livro(a história) e agora com a escritora.

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  3. Oi flor,.

    Que linda entrevista, fiquei muito emocionada!!!
    Adorei as perguntas amiga!!

    beijosss
    http://dailyofbooks.blogspot.com/

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  4. Um dos livros mais lindos que eu já li. E a mãe dela, sempre tentando ver o lado bom das coisas, me lembrou muito a minha mãe kkkkkkk
    Nunca chorei tanto lendo um livro quanto lendo esse, lindo demais, é uma poesia!!

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  5. Realmente uma história muito triste,pois as atrocidades do poder naquela época eram horríveis,esse é um livro que merece ser lido para nos esclarecer a mente.
    Adorei mesmo.
    Alexandra

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  6. Vivi primeiramente, parabéns! A entrevista foi ótima. Adorei as suas perguntas, e, as respostas da autora. Confesso que, agora, depois que li essa entrevista e vi o booktrailer, estou louca para ler o livro.

    Beijos,
    http://naminhaestanteliivros.blogspot.com/

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  7. Parabéns Vivi, a entrevista está linda, esse livro deve ser realmente bom.
    http://adpiagge.blogspot.com/

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  8. Aí muito tri teu blog *-*
    e parabéns pela entrevista =)

    www.luliskd.blogspot.com

    Segue e deixa um comentário tmb? *-------*

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  9. Oi Vivi,

    Muito interessante o posicionamento sobre o genocídio! Destaco a coragem da autora em um ambiente ainda tão marcado pela interferência na liberdade de imprensa. Vou verificar o título.

    Beijos.


    Lu

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  10. Maravilhosa essa conquista, fico feliz você...O livro ´parece maravilhoso.Parabéns pela entrevista.
    Beijos e ótima semana.

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  11. Oiii Vivi!!! Que legaaaaaaaal, parabéns!! É tão bom quando conseguimos falar com autores que gostamos, né? *-* Adorei!!!

    Bjss
    Nati

    http://www.meninadelivro.com.br/

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  12. Puxa que legal véio!
    Você conseguiu falar com a autora! E como ela é simples e delicada além de dedicada aos leitores... Puxa! Muito bom!


    Parabens!!!!!!!!

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    1. Sim Andre, muito linda essa autora, foi educada e muito gentil em me conceder a entrevista.Me senti muito feliz com isso.Obrigada pela sua visita querido.

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  13. Oie Vivi, que chique o seu blog hein, com entrevista internacional e tudo mais!!!!
    Achei super legal o fato da autora ser acessivel e responder as perguntas. Amei, ainda não li o livro, e vou esperar a sua resenha para comprar.
    bjos

    Jack

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  14. Amiga que entrevista maravilhosa!
    E que chique hein! hahaha
    Ainda não li o livro, mas ele já se encontra na minha listinha. Espero comprá-lo em breve.

    Desculpa pelo sumiço...rs
    Estava morrendo de saudades também!
    BjO

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  15. Vc falou tanto desse livro e tanto desta escritora que nada mais justo ter conseguido essa entrevistas ,vi vc correndo atrás e se virando com o inglês ,tenho de parabenizar pelo sucesso.
    Beijos.

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  16. Seu blog é muito bom. Suas resenhas são ótimas.
    http://sucessoparaseublog.blogspot.com/

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  17. Oi Vivi!

    Babei na sua entrevista! Parabéns por ter conseguido, fiquei orgulhosa de você ein? AHSUHASUA :D

    Então, quanto ao layout do seu blog, eu posso fazer sim. Mas eu só vou poder fazer no final de fevereiro, tem problema? É que devido a greve que teve na minha escola ano passado, eu vou fazer minhas provas do 4º bimestre agora em fevereiro e o mês vai ta bem complicadinho.
    E eu vou precisar de um layout base, porque eu não faço a codificação HTML... :/
    Mas bom, se você quiser esperar, eu faço sim. :)

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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  18. Oi vivi! Caramba... que legal!!! Seu blog está internacional, é!? Sua chiiiique!!

    Adorei, visse!? Parabéns...

    bjinhos

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  19. Oi Vivilinda,
    Concordo com o Christian, essa frase "No auge do inverno, finalmente percebi que dentro e mim havia um verão invencível." é bem forte, e linda. Parabéns pela entrevista, fico feliz por você *-*
    Sucesso com esse blog maravilhoso
    Beijoos

    http://saahandradee.blogspot.com/

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  20. Que linda entrevista Vivi *--* OMG.
    Realmente ótimas perguntas, e ótimas respostas <3
    É sempre bom lidar com pessoas inteligentes como vocês HOHO
    Lindo post viu? Meus parabéns; E o novo visual do Blog, está muuuuito lindo, adorei *_* Roxoo ♥
    Sucesso SEMPRE, beeijão ;*


    Ewerton Lenildo - Academia de Leitura
    papeldeumlivro.blogspot.com
    @Papeldeumlivro

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  21. Vivi parabéns por esta conquista, a entrevista foi excelente e nos fez querer conhecer os segredos e a verdade...gostei mto! A autora parece mto inspirada e ligada as suas raizes, ótimo post!
    Vou aguardar a resenha, um bjo FRAN

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  22. Nossa que entrevista bacana, adorei.

    http://leiturasdepaty.blogspot.com/

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  23. Viviane primeiramente, parabéns por essa bela entrevista, assisti ao vídeo e me senti na pele das pessoas que estavam sendo entrevistadas, realmente com certeza é uma obra com um roteiro bem elaborado.
    Não conhecia seu Blog, passeando pelo Skoob o encontrei e já estou seguindo, muito bem Editado.
    Saudações Literárias.

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