Sétima Arte - Fabiana Madruga

Boa noite galera cinéfila. Hoje a Fabiana nos enviou a resenha do filme Ninf()maníaca. 

Um filme que está causando polêmica, eu não o assisti ainda, mas pretendo em breve. 

Vamos saber a opinião da Fabi sobre o filme?

Ninfomaníaca - Parte 1  -  Lars Von Trier

"Forte demais", "Soube de gente que passou mal", "Causa um certo desconforto", "Não entendi pra quê todo esse excesso". Acreditem, os comentários acima não foram voltados para o acarajé da Feira Hippie (dizem, o melhor no Rio!) e sim, os que eu vinha escutando a respeito de "Ninfomaníaca - Parte I", o último filme do Lars Von Trier. Como eu gosto MUITO do diretor e, quando alguém ganha a minha confiança ao longo dos anos eu sempre dou uma segunda chance antes de torcer o nariz, duvidei que qualquer coisa dele fosse gratuita. Pelo que vinha ouvindo, cheguei a imaginar um filme de sexo a torto e a direito, sangue, escatologia, samambaias taradas e tabus pra todo lado, mas mantinha como mantra o pensamento de "se ele fez assim, algum sentido deve ter, vamos ver isso antes de emitir opinião!".

E sabem o que mais me chocou em "Ninfomaníaca"? O fato de que não existe absolutamente NADA de chocante nele. Nem excessos, nem sobressaltos, nem um "epa!" sequer! Isso me leva a crer que o imenso tabu visto por muitos seja o incrivelmente antigo portal que, por increça que parível, a humanidade ainda não cruzou: o da sexualidade feminina!

O filme não é nada senão uma compilação de relatos de uma mulher sobre sua relação com sua própria sexualidade. O que foi descoberta, o que foi frustração, o que foi substituição, o que foi compensação, o que foi vício e o que foi prazer. Pera! Não é assim que funciona para todo mundo? O que você experimenta no sexo acaba sendo coadjuvante em relação a como você experimenta o sexo? Como ele se conecta às suas emoções boas e ruins? O que ele é capaz de provocar, construir, destruir? Então o que há de tão chocante no filme? "...for the sake of my own satisfaction", diz a Joe, protagonista do filme, justificando suas experiências sexuais. É esse o momento "tirem as crianças da sala"? O fato de que ela fez porque quis, como quis, quando quis e com quem quis? Uau, hein?

Esse parágrafo final exclui quem ainda não atingiu a maturidade (o que pode acontecer em qualquer idade!) e quem é machista, combinado? Fica pra linha seguinte só quem não se encaixa nessas duas categorias: "Ninfomaníaca - Parte I" é um filme incrível, com uma fotografia belíssima, metáforas de tirar o fôlego, ótimas atuações e de uma delicadeza completamente intangível para quem não conseguir atravessar a barreira do óbvio (eu chorei de soluçar com a cena do pai no hospital). E, segredinho quase spoiler, quase revolução francesa? Nem tem tanto assim a ver com sexo, e sim, com a descoberta do universo feminino como um todo! Lars von Trier não me decepciona, não tem jeito. Pelo contrário, se superou fazendo o que eu considero um de seus melhores filmes (ficou em segundo na minha listinha‪#‎ILoveLars‬). É incrível que essa visão tão genuinamente feminina (crua!) tenha sido passada por um homem (preenche todos os nossos buracos - piadinha interna que você vai entender depois de ver!).  E eu que achava que o Chico Buarque é que entendia de mulheres!

By: Fabiana Madruga

Adorei a resenha e desejo muito assistir o filme. Até por saber que em essência ele é mais do que um filme hot para esquentar o cotidiano. Espero que tenham curtido também. Agradeço a Fabiana pela gentileza de ter resenhado mais um filme para o RR. Beijos e até a próxima tracinhas \o/