07 abril 2013

Sétima Arte - “A Morte do Demônio” (The Evil Dead – 1981) - Claudio Gaspari

   Boa noite Tracinhas e Cinéfilos \o
Ou tracinhas cinéfilos, pois acho que a maioria das pessoas que amam ler adoram cinema também. Mas então, hoje trago pra vocês a primeira resenha do Claudio, novo colaborador aqui do RR. Ele vai nos presentear com resenhas de filmes juntamente com a Grazy. 
Ainda não me decidi qual o dia certinho em que a coluna irá ao ar e nem quantas vezes no mês, vai depender de vocês, de seus comentários e da disponibilidade dos colaboradores.
Mas então vamos deixar de lenga ...lenga, pegar a pipoca e ler a resenha do Claudio?




Não vejo melhor forma de estrear no Razão e Resenhas do que falando sobre o filme de terror que marcou a minha infância. Explico. Nasci no século passado, em 1978 e, em meados dos anos 80, esse negócio de ver filme em casa a hora que você quisesse começou a se popularizar com um tal de Vídeo cassete. Antes dele, você só poderia ver os filmes se passassem na TV ou cinema. Não havia direito de escolha.

O vizinho da frente resolveu embarcar nessa nova moda e montou uma vídeo locadora.  Lembro-me da primeira visita à loja. Um acervo imenso nas intermináveis fileiras de estantes, abarrotadas de filmes em suas capas de acrílico. Talvez, por causa do meu tamanho reduzido, aquele ambiente parecia majestoso. Foi então que uma dessas prateleiras me hipnotizou. A seção de terror e suspense. Lá estavam exemplares dos desconhecidos, ate então, Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo e outros mais obscuros.

Amor à primeira vista, saí de lá com alguns filmes e uma carteirinha de sócio, que, provavelmente, foi à primeira coisa a entrar na minha carteira com desenho do Popeye. A partir daí, eu passava fins de semana inteira grudado na TV, vendo corpos destrocados e assassinos com seus machados. 

Percebi, depois de um tempo, que eu estava anestesiado. Nada mais me chocava. Podia ver esses filmes sozinho e durante a noite, que o corpo não exibia nenhum tipo de reação de medo. Apenas o riso. Sim. Eu ria das mortes e assassinatos. Pra falar a verdade, eu acabei encarando os vilões como heróis e me incomodava quando eles eram pegos.

Eis que, dentre vários filmes que aluguei num determinado fim de semana, se destacou um tal de “A Morte do Demônio” (The Evil Dead – 1981). Por conta da falta de tempo, ele ficou relegado a ser assistido as sete da manha, na companhia de meu irmão mais velho, que estava tão anestesiado quanto eu. Quando o filme terminou, às 08h30min da manhã, nós estávamos completamente apavorados e sem querer sair do sofá. Vocês têm ideia do que é sentir medo de fantasma quando o sol brilha forte e os passarinhos cantam na janela? Esse filme me fez sentir vivo. Eu podia sentir medo novamente!


Depois desse prefácio imenso, vamos ao filme. Tudo se inicia com um grupo de jovens que resolve passar um fim de semana numa cabana no meio da floresta do Tennessee.  Se isso hoje é clichê, aqui foi o início de tudo.

Acompanhamos Ash (Bruce Campbell) , Cheryl (Ellen Sandweiss), Scott (Richard Demanincor), Linda (Betsy baker) e Shelly (Theresa Tilly) querendo fazer o que adolescentes fazem quando estão sozinhos. Bebida e sexo. Logo percebemos que existe algo sinistro no lugar. Algo oculto que parece ser sentido apenas por Cheryl, a médium da turma. Logo que se isola no quarto, ela psicografa algo que não compreende. Um retângulo com rabiscos no centro. O filme deixa a entender que esse tipo de coisa é natural a ela, pois a garota não se assusta e nem comenta sobre o fato.

É quando o mal resolve dar outra dica do que existe no lugar. Quando a porta do porão se abre misteriosamente, os rapazes encontram alguns curiosos artefatos. Um livro misterioso (que lembra muito a psicografia de Cheryl), um punhal feito com ossos e um toca-fitas.  Ao rodar o aparelho, eles ouvem a voz de um arqueólogo que afirma ter se isolado naquela mesma cabana para estudar o conteúdo do livro, que diz ser o Livro dos Mortos (Necronomicon), descoberto nas ruínas de um templo Kandariano. Depois ele informa que seus estudos acordaram um mal adormecido na floresta e possuíram sua esposa.  É quando Scott adianta a fita e ouve o encantamento gravado, despertando os demônios da floresta e iniciando um processo de desespero e morte que vai abater cada um dos integrantes do grupo.




A partir daí, acompanhamos um banho de sangue envolvendo possessões, desfigurações, mutilações e até um estupro que ficou clássico por ter sido protagonizado pela própria floresta em si.

Visto hoje, o filme se apresenta datado. Os efeitos especiais precários não caem tão bem como nos anos 80. Fora que as copias digitais ainda exacerbam essas deficiências. Sempre que a lua cheia aparece, podemos ver, claramente, que é uma colagem gigante no canto da tela. Coisa que não se percebia no VHS. As maquiagens alternam momentos bons e ruins. O lance é que a pós-produção demorou muito tempo e os atores não queria voltar pra gravar mais cenas. Então o diretor teve que usar substitutos cobertos por uma maquiagem pesadíssima para disfarçar. Já a direção é um show. Só pra vocês saberem, esse é o primeiro longa metragem de Sam Raimi, que, recentemente, dirigiu mega produções, como a trilogia Homem Aranha (2002 – 2007) e Oz: Mágico e Poderoso (2013). A posição das câmeras nunca é desleixada, sempre buscando um ponto sombrio e acompanhando a loucura vivida pelos personagens. A edição e o roteiro são bem adequados, apesar de poucos furos.


Como curiosidade, podemos citar que a versão original do filme foi proibida em vários países devido ao grande conteúdo de violência. Na Alemanha, por exemplo, sua exibição só foi permitida dez anos depois, com varias edições e censuras. Apenas em 2001 que foi lançado na íntegra.
Um dos legados do filme foi a técnica conhecida como “Steady- cam” . Raimi colocava uma câmera acoplada numa tábua para fazer o efeito de visão em primeira pessoa do demônio invisível. Essa técnica é utilizada até hoje.
Além disso, o filme deu origem a duas sequências, Uma Noite Alucinante 2 e Army of Darkness, que, voltadas para o humor macabro, acabaram consolidando o personagem Ash, como um dos maiores heróis dos filmes de terror.
Também surgiram uma infinidade de quadrinhos, jogos e acessórios que consolidaram o The Evil Dead como um dos maiores clássicos do terror moderno, idolatrado por amantes desses filmes. Ouso dizer, uma obra tão imortal quanto os demônios que ela apresenta.


Em abril de 2013 será lançada uma refilmagem de The Evil Dead com direção de Fede Alvarez, que também divide o roteiro com Diablo Cody. Sam Raimi apenas participa da produção. 




Pessoal eu simplesmente amei a resenha do Claudio, eu já conhecia sua escrita por isso o convidei a ser nosso colaborador, e falo mais, não me decepcionei.
Eu já assisti The Evil Dead quando era adolescente e senti muito medo, mas adorei pois amo filmes de terror no estilo desse, espero que vocês também tenham curtido e deixem aqui seus comentários, e até mesmo pedido de resenhas de filmes que queriam ver aqui na coluna do RR.
Beijos e até a próxima postagem Tracinhas e Cinéfilos *.*
























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21 comentários:

  1. Eu adoro filme de terror, desde cedo costumo assistir com minha mãe. É engraçado pois sou MUITO medrosa, mas também sou bastante corajosa (pois é). Eu assito sozinha no escuro, morrendo de medo, mas aguento. E faz tempo que eu não vejo um terror realmente bom e esse me chamou muito.

    Vou procurar para vê-lo sim, adorei a resenha, me deixou super interessada, nunca tinha ouvido falar do filme, mas acho que já comentaram comigo do jogo, apesar de eu mesma não ter jogado.

    Té mais...
    http://bmelo42.blogspot.com.br/

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  2. Claúdio do céu, amei a sua escrita, tanto que me deu até vontade de ver o filme.
    Bem, sei que não sou do seu tempo, mas peguei a época dos VHS e das locadoras...kkkkk
    Pois é, numa época em que tudo é digital, isso soa até piegas demais né?
    Mas bem, na minha adolescência eu tmbm curtia ir à locadora e alugar um montão de filmes de terror pra ver com as amigas ou sozinha mesmo.
    Adorava fazer isso e fazia tanto que fiquei como vc, um pouco anestesiada. Não conseguia mais sentir medo que deixei de ver filmes desse gênero.
    Mas, dentre tantos filmes de terror que eu assisti, não lembro de ter visto The Evil Dead, provavelmente não vi, se tivesse visto lembraria, com toda certeza. E agora lendo sua resenha, fiquei com vontade de ver, já que se tratou de um filme que reacendeu o medo em vc né?
    Bem, como vai ter a readaptação dele, vou esperar ela ser lançada e quem sabe eu possa voltar a sentir medo dos filmes de terror.
    Bjokas querido e seja bem vindo ao RR!

    PS: Bjos pra ti tmbm Vivi!

    www.lerepensar.com

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  3. Uau, adorei!

    Cláudio, amei a tua resenha do filme! Apesar de ter um estilo que eu adoro, onde o cenário principal são adolescentes isolados para a "farra", nunca que eu veria esse filme! hahaha Se você, que já era anestesiado, sentiu medo, nem quero saber o que vou sentir... hahaha E de manhã!!! Adorei, Vivi, escolheu muito bem um colunista! rs

    Beijos,

    Marcelle
    bestherapy.blogspot.com

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    Respostas
    1. Bom lembrar que eu tinha menos de 10 anos quando assisti pela primeira vez. Então a sensação de pavor já não se aplica hoje em dia. Eu recomendaria assistir o remake antes e , se gostar, ver o original como um extra.

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  4. Como curiosidade, é interessante citar que o remake estrou nos EUA nesse fim de semana e liderou a bilheteria, superando as espectativas da indústria. Aqui no Brasil estréia dia 19 de Abril.

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  5. Claudio

    Adorei tua escrita, gostosa de ler sem enrolação direto ao ponto, e vez uma escolha maravilhosa de filme porque num mundo de era digital lembrar do vídeo cassete e das vídeo locadoras foi muito bom fora que já vi esse filme e posso disser na época dava medo sim com certeza e muito ,podemos ver o que um diretor de peso pode salvar um filme . Boa sorte e sucesso nas suas postagens no RR .

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  6. Oie Vivi e Claudio
    eu tmb assistia muitos filmes de terror, tantos que aquilo já tinha até perdido o sentido pra mim e nem me dava mais medo, mas olha, te confesso que só com essa resenha já fiquei com medo desse filme...kkkkkkkkkkkkk
    adorei as fotos, mas eu só assistiria mesmo às 7:00 da manhã, porque a noite é certeza que eu iria pra cama impressionada, e certamente não iria conseguir dormir kkkkkkkkkkkkkk
    bjos

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  7. Bem, posso dizer que participei, de certa forma, da construção da resenha, assistindo ao filme com Cau na semana passada...kkkkkk
    Eu não havia visto o filme em minha infância e, por isso, preciso confessar que, assistindo agora, achei muito engraçado, porque é um filme datado. Tentei entrar no clima, mas, acostumada com os efeitos especiais e maquiagens dos filmes de hoje em dia, não consegui!
    Acredito que o remake me fará entrar no clima de terror...
    Interessante que ele conseguiu traduzir em palavras os sentimentos e impressões que ele teve lá na sua infância, o que demonstra uma percepção apurada.
    Ahh, sou fã desse seu comentarista, Viviane, e atesto: você não poderia ter feito melhor escolha! :)
    Aguardarei, ansiosamente, as próximas resenhas!

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  8. Olá Vivi, Olá Claudio, seja bem vindo ao RR *-*

    Como admiradora de filmes de terror, fiquei beeeem empolgada com essa resenha, e além do mais, adoro filmes antigos, ainda não tive a oportunidade de assisti-lo, mas vou tentar baixar *-*

    Gostei muito da forma como você nos contou sobre sua "iniciação" com o filme, e por consequência com os k7.

    As imagens do filme são bem interessantes e a história mais ainda, deve ser muito bom, obrigada pela super dica Claudio, esperamos suas próximas resenhas.

    Beijocas.

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  9. Oi gente! Gostei muito da resenha do Claudio! Nossa eu cheguei a ficar arrepiado! Eu acho esse filme muito amedrontador... é muito horrível hahahaha Embora sempre vou preferir a versão antiga. Pelas poucas imagens que temos da nova versão, parece que perdeu um pouco aquela tonalidade, sem muito brilho, e mais realismo, mais opaco do antigo. Mas vamos ver...
    Abraço!

    Maurício Dias

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  10. Olá Vivi.
    Meu Deus, que filme é esse? Já tenho mania de ter medo dos filmes de terror de hoje em dia que, comparados com os de antigamente, não botam medo nenhum hahaha. Imagina este?
    Nunca tinha ouvido falar deste filme mas, sinto informar, não vou procurar saber, pois quero ter noites de sono leves por um bom tempo ainda kkk.

    Sucesso sempre,
    Jéssica
    http://bestherapy.blogspot.com.br/

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  11. Adoro filmes de terror!
    Vou tentar assistir esse nesse fds!
    Beijinhos
    Rizia - Livroterapias
    Livroterapias

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  12. Cláudio! Seja bem vindo! Será um prazer dividir essa coluna contigo e digo, tenho que estudar muito pra chegar perto do nível das suas resenhas! Sou fã desde o Blag CS. Hoje eu estava na espera do cinema e vi o trailer do remake. Confesso que ainda não assisti o antigo e fiquei com muita vontade de ver.


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  13. Olha Vivi adorei o novo colunista! Tava amando sua resenha Cláudio, até que começaram as imagens kkk não tem jeito sou muito medrosa. Não vejo filme de terror há uns dois anos, o último que vi foi obrigada e garanto que ainda lembro de praticamente todas as cenas, quando começa um filme de terror na tv mudo de canal o mais rápido, corro do quarto, o que for preciso para não ver nem um pedaço. Mas gostei muito da resenha, veria o filme, mas não consigo mesmo kkk

    Abraços,
    Raquel.
    http://viajandoclivros.blogspot.com.br/

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  14. Eu adoro filmes de terror, e esse já me assustou logo de cara.
    Preciso assistir
    As imagens são medonhas! rsrsrsrs
    Parabéns Cláudio!
    Beijos,
    Yasmin
    deitadosnagrama.blogspot.com.br

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  15. ótima postagem, acredita que nem conhecia o filme.
    Bjs
    http://eternamente-princesa.blogspot.com.br/

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  16. Excelente resenha!
    Eu também já vi bastante esse filme e consegui comprar essa preciosidade em DVD :D
    Adoro o Sam Raimi e já vi todos os filmes dele *-*

    Beijinhos
    Renata
    Escuta Essa
    http://www.facebook.com/BlogEscutaEssa
    @blogescutaessa

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  17. Oi Vivi
    Esqueci de falar, tem resenha do filme Oblivion (Tom Cruise *-*) lá no Escuta Essa :)
    http://escutaessa.blogspot.com.br/2013/04/filme-resenha-oblivion.html

    Beijinhos
    Renata
    Escuta Essa
    http://www.facebook.com/BlogEscutaEssa
    @blogescutaessa

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  18. Parabéns pela resenha Cláudio, mas eu não me aventuraria assistindo a esse filme, já que não sou fã de filmes de terror.

    *bye*

    http://loucaporromances.blogspot.com.br/

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  19. Parabéns pela resenha, mas eu não assisto filmes de terror.
    Tenho muito medo!
    Seguindo, retribui: http://luadesangue1.blogspot.com.br/

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