06 junho 2012

Poesia e Autor(a)

Boa noite leitores!
Hoje trago para vocês uma postagem que me emocionou.
Poesias sempre me emocionam muito.
Li uma matéria sobre a vida de Florbela Espanca(poeta portuguesa)que me comoveu 
pela leveza e pelas informações que eu ainda não sabia sobre a vida dessa mulher misteriosa e maravilhosa. Então tinha de compartilhar com vocês.
Muitos a conhecem, eu sei, mas não deixem de ler tudo, pois não vão se arrepender.
E para os que ainda não conhecem eu vos apresento ...


Florbela Espanca

Florbela Espanca, um amar perdidamente

Morta há 80 anos, a poeta portuguesa necessitava de paixões, gestos e palavras

Florbela Espanca trancou-se no quarto. Já passava das 2 da manhã. Que presente poderia querer ela naquele 8 de dezembro de 1930, seu 36º aniversário? Ninguém sabe. Ao marido, Mário Lage, deixou a recomendação de que não fosse incomodada até a manhã seguinte. E de fato nenhuma pessoa o fez, nunca mais. Naquela madrugada, deitada na cama, sem “haver gestos novos nem palavras novas” – como dias antes escrevera pela última vez no que havia intitulado de Diário do Último Ano –, a poeta portuguesa suicidou-se ingerindo dois frascos do barbitúrico Veronal.
Desde então, ela é alvo de extensos estudos e biografias. A fama de transgressora, por ter desafiado os preceitos da sociedade – casou-se três vezes e frequentava a boemia, fumando e bebendo, por exemplo – transformou-se nas nomenclaturas precursora e feminista. E, se o reconhecimento, justamente por ser mulher, foi inferior ao que tiveram seus contemporâneos Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, hoje ocupa imenso destaque nos círculos literários. Fato é que são tantos os vieses que a história da escritora propõe que, no mês em que se completam 80 anos de sua morte, um olhar mais amplo sobre sua figura ainda é essencial.
Uma flor
Dores e dúvidas, às centenas, sobre díspares perspectivas da existência são tão recorrentes na vida e na obra de Florbela que até norteiam seu primeiro poema, “A Vida e a Morte”, escrito com precoces 8 anos de idade. Em outra frente, engano é reduzir a sofrimentos sua história. A menina miúda, de olhos negros e mente inquieta, experimentou as pequenas e grandes alegrias reservadas a qualquer ser humano.
Quando pequena, compartilhou com satisfação a vida em família, período em que vivia em Vila Viçosa, cidade onde nasceu. Mãe tinha duas: Antónia da Conceição Lobo e Mariana Toscano. A primeira, de sangue; a segunda, de criação.
Acontece que Mariana, a mulher legítima de João Maria Espanca, não podia engravidar. Para ser pai, ele recorreu a uma regra medieval, muito aceita pela sociedade portuguesa da época, que permitia ao homem, nesse tipo de situação, ter com outra os descendentes que seriam adotados pela esposa. A escolhida foi Antónia, empregada da residência, com quem João teve também outro fruto, Apeles Espanca, dois anos mais jovem que Florbela.
Embora trabalhasse na mesma casa, o contato íntimo entre mãe biológica e filha só existiu nos primeiros meses de vida, quando era amamentada. Para a docente e pesquisadora da Unesp Renata Soares Junqueira, autora do livro Florbela Espanca – Uma Estética da Teatralidade (Editora da Unesp), tal fato contribuiu muito para o direcionamento artístico da escritora. “Ela transpôs para os seus poemas a imagem da mulher triste, abandonada pela sorte desde o nascimento”, enfatiza ao mesmo tempo em que adverte para não se cometer o equívoco, todavia, de pressupor que seus relatos são invariavelmente biográficos. “Durante muitos anos a crítica se assenhoreou, com poucas exceções, em identificar nas entrelinhas de toda a poesia eventos da biografia de Florbela. Criou-se, assim, uma enorme confusão entre realidade e ficção. Temos de tomar cuidado para não confundirmos a vida com a obra.”


Primeiros Passos

Para a escritora portuguesa, nunca importou se a mulher era vista com inferioridade pela sociedade machista. Se para a maior parte delas cabia apenas concluir a escola primária, Florbela aspirava por mais. Em 1908, aos 11 anos, foi uma das primeiras a ingressar no curso secundário do Liceu de Évora, cidade alentejana para onde seus pais se mudaram a fim de facilitar os estudos da filha.
Nesse mesmo ano, recebeu a notícia da morte de sua mãe Antónia da Conceição, de quem, mais do que características físicas, herdou a doença que viria a lhe perturbar todos os próximos anos: a neurastenia, causadora de transtornos psicológicos e muitas dores de cabeça.
 Ainda adolescente, três eram as suas paixões: o irmão, com quem mantinha profundos laços fraternos; o pai, com quem dividia o gosto pela fotografia; e o colega de estudo Alberto Moutinho, um ano mais velho e o primeiro marido, em cerimônia oficializada em 1913, na data do aniversário de 19 anos da escritora.

Amar Perdidamente

De matrimônio estabelecido, não é surpresa que Florbela não fosse a esposa subserviente. Dona de um temperamento forte, só fazia o que lhe agradava, principalmente escrever. “Ela era incapaz de viver submissa a um homem, por mais que o amasse. Não aceitava que o amor fosse o confinamento da mulher. E, mesmo casada, sempre lutou para publicar seus versos, atividade condenada por seus maridos”, destaca o brasileiro Fabio Mario da Silva, autor de Da Metacrítica à Psicanálise: a Angústia do “Eu” Lírico na Poesia de Florbela Espanca (Editora Ideia) e doutorando em literatura pela Universidade de Évora, Portugal, onde reside.
Mas amar, justamente, era o motor propulsor da escritora. Seja o que demonstrou nos versos, no esforço para publicar o primeiro título, Livro de Mágoas, em 1919, seja o carnal propriamente dito. Certo é que as maiores transformações de sua vida vieram à tona a partir dos 23 anos.
Em Lisboa, onde ingressou na Faculdade de Direito, viveu com intensidade a boemia e travou contato com outros autores, como José Schimidt Rau e Vasco Caméliet. Mas foi lá, todavia, que sofreu um grande dissabor: um aborto espontâneo. O acontecimento, seguido de uma profunda crise neurastênica e a instabilidade emocional da autora, resultou no fim do casamento, em 1921.
Recuperada, Florbela apaixonou-se por António Guimarães, oficial de artilharia da Guarda Republicana. Foi com ele que se casou em junho do mesmo ano. Mais uma vez, o amar a alimentava. Sentimento este que é agudo em sua obra e inato nas publicações subsequentes, Livro de Soror Saudade (1923) e Charneca em Flor (1930), em versos como: “Eu quero amar, amar perdidamente! / Amar só por amar: Aqui… além… / Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente… / Amar! Amar! E não amar ninguém!”.
Mas o novo casamento durou pouco mais de três anos, até 1925, período marcado por um segundo aborto involuntário e novas crises de saúde. O amar, embora contido em toda a obra, revelava-se na vida real mais turbulento do que nos versos.
Antes mesmo de oficializar o segundo divórcio, porém, Florbela passou a dividir uma casa com sua mais nova paixão: o médico Mário Lage. Em sua companhia, sofreria a maior perda: a morte do irmão, Apeles, em 1927, em um acidente com o hidroavião que ele pilotava.

Sou Eu!

Florbela está entregue às graves crises da doença que lhe acomete desde a adolescência. E, se não bastasse, é diagnosticada com edema pulmonar. Mesmo assim, fuma e emagrece demais. Alegra-se com flores e livros. O ano é 1930, o último.
Sem querer pertencer a qualquer estilo literário, continua a produzir incessantemente contos, traduções de romances franceses, e a colaborar em revistas femininas. Em seus versos, deixa perpassar o erotismo que revoluciona ao trazer a mulher ao domínio da relação. O que também provoca um olhar de desconfiança e preconceito da crítica.
Todavia, a Florbela Espanca de carne e osso não se importa com mais nada. É dela a melhor definição de quem foi e ainda existe: “O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais, há em mim uma sede de infinito; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudades… sei lá de quê!”



(Esse poema em particular muitos conhecem através do cantos Fagner, que musicou lindamente esse poema de Florbela).


Aqui me despeço, esperando que tenham gostado do post sobre poesia, desejando do fundo do meu coração que a vida e os poemas de Florbela os tenham tocado a alma, da mesma maneira que me toca, sempre que os leio.






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17 comentários:

  1. Adoreio post.
    Amo muito os poemas de Florbela, tanto que fiz uma tattoo com a seguinte frase retirada do poema Amor que morre:

    "São precisos amores, para morrer,
    E são precisos sonhos, para partir"

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Nunca tinha lido nada a respeito dessa poeta , mas seus poemas são muitos criativos.

    http://umcompulsivoleitor.blogspot.com.br/

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  4. Florbela, foi uma poetiza fantastica, seus versos tem emoção e repleto de sentimento, adorei poder conhecer sobre ela!

    Bjs

    www.daimaginacaoaescrita.com

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  5. Oi Vi,

    Tudo bem? Não conhecia os detalhes da vida de Florbela, mas o texto revela que a vida complicada que teve, desde a infância, influenciou, não apenas para os belos verso, mas para compor uma referência como mulher. Obrigada pelo belo texto.

    Bom feriado!

    Beijos.

    Lu

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  6. Oi Vivi
    Nossa seu blog está cada vez melhor, vc vai além das resenhas. Parabéns! Eu não conhecia essa escritora, que triste essa história de vida dela, e que lindos poemas, concordo com vc.
    Bjão doce Vivi e um ótimo feriado.

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  7. Ola Vivi,
    Que texto interessante sobre a polemica e ainda hoje comentada Florbela Espanca. A história de vida dela é fascinante como triste, pois apesar de tudo, da sua poesia, dos seus escritos e pelo que creio em vida, não posso concordar com o suicídio como solução para nada.

    Adorei, viu?

    Abraços, Flávio.
    --> Blog Telinha Crítica <--

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  8. Oi Vivi
    não conhecia os poemas dela, mas pelo texto dá pra sentir que ela foi uma mulher bem a frente do seu tempo, e com um temperamento bem forte. Amei.
    Os poemas são lindos.
    bjos

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  9. Oi Vivi, adorei o post! Ainda não conhecia essa poetisa e foi uma ótima descoberta, apesar de eu não possuir o costume de ler poemas, dando sempre preferência a estórias, é muito bacana ler algo com essa profundidade!

    até mais!

    Prólogo da Leitura

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  10. Nossa! Amei Vivi. Nunca tinha ouvido falar! Forte ela em? Não gosto muito de poemas, porém, algums me chamam atenção!
    bjao

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  11. Gostei muito do post por mais que seja Extenso li e me choquei com os fatos que acompanharam essa poeta durante sua carreira até sua terrível morte

    http://enfimshakespeare.blogspot.com.br/

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  12. Adorei o post!
    Ainda não conhecia nenhum poema dela, mas confesso que gostei bastante.

    Aaaah tem PROMOÇÃO nova lá no blog!!! Confira.

    BjO
    http://the-sook.blogspot.com.br/

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  13. Nossa Vivi, eu nunca tinha ouvido falar da Florbela.
    Lindos os poemas dela, amei mesmo.
    Só fico com o pé atrás com os poetas, pois sempre um ou outro foram vítimas do suicídio.
    Não sei pra que se matarem? Parece até que naquela época os escritores eram mais fracos né?
    Não gosto mesmo de saber que eles cometeram suicídio. Fico triste e melancólica com a notícia.
    Gostei do post flor. Bjus

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  14. sou apaixonada por poesias, essa é incrível, muito boa mesmo, talento não se discute.
    beijos flor
    tem post novo no macchiato o/

    Amy Macchiato

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  15. Oi Vivi!
    Nunca tinha ouvido falar da Florbela! Nossa, adorei os poemas dela. Mas que vida complicada que ela teve ein? :/

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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  16. Tudo bem Vivi?!

    Gostei muito da sua postagem. Não conhecia a escritora, fora muito interessante conhecer a história dela por aqui. Parabéns mais uma vez pela ótima abordagem!

    Grande beijo!

    Anselmo

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  17. Adorei seu post,muita coisa eu não sabia sobre ela !!! Sua poesia fala diretamente com meu coração e preciso conhecer mais do que ela escreveu !!!

    lindo....

    bjss

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