Resenha| Memórias de uma gueixa

Olá meus fiéis leitores!!

Forçando-me a vencer um bloqueio que não consigo definir venho indicar um livro que li mês passado. Livro lindo, especial de muitas formas.

Livro cuja história é quase um poema memorável.

Então, antes de tudo agradeço por ainda me esperarem aqui no Razão e Resenhas. E sem mais delongas vamos à resenha...

Memórias de uma Gueixa - Arthur Golden

  Memórias de Uma Gueixa - Olhos cinza-azulados. Muita água em sua personalidade, é o que diz a tradição japonesa. A água que sempre encontra fendas onde se infiltrar, cujo destino não pode ser detido. Assim é Sayuri, uma das gueixas mais famosas de Gion, o principal distrito dessa arte milenar em Kioto. Com um olhar, ela é capaz de seduzir. Com uma dança, ela deixa os homens a seus pés. O que ninguém sabe é que, por trás da gueixa de sucesso, há um passado de perdas e desilusões de uma mulher que, desde o dia em que o pai a vendeu como escrava, fez cada uma de suas escolhas motivada pelo amor ao único homem que lhe estendeu a mão. Neste livro acompanhamos sua transformação enquanto ela deixa para trás a infância no vilarejo pobre e aprende a rigorosa arte de ser uma gueixa: dança e música, quimonos e maquiagens; como servir o chá de modo a revelar apenas um vislumbre da parte interna do pulso; como sobreviver num mundo onde o que conta são as aparências, onde a virgindade de uma menina é leiloada, onde o amor é considerado uma ilusão. Já idosa, vivendo nos Estados Unidos, ela narra suas memórias com a sabedoria de quem teve uma vida longa e o lirismo de quem soube encontrar nela seu lado mais doce. Neste relato único, que reúne romance, erotismo e, muitas vezes, a dura realidade, Arthur Golden desenvolve uma escrita refinada e dá voz a uma personagem instigante e humana que conquistou milhões de leitores em todo o mundo.

SKOOB

Minha resenha

Por favor, leitor, se entranhe na cultura do País do Sol Vermelho.

Foi o filme que assisti primeiro, adorei a história simplesmente porque aprecio muito as tradições japonesas, não sou fanática, nem mesmo gosto de animes e mangás... rsrs. Mas esse filme me marcou de maneira positiva.

Quando a Arqueiro relançou o livro com essa capa maravilhosa vi ali minha chance de ler na íntegra toda a história e não resisti, solicitei um exemplar e o devorei. Não me arrependi, o livro, como sempre superou minhas expectativas, superou o filme mais do que eu imaginava. 

O livro, nas primeiras partes, é basicamente só narração. Os diálogos começam a se tornar mais comuns quando a narrativa da encantadora Chiyo – ou Sayuri – começa a ganhar forma.

Memórias de uma Gueixa conta a trajetória de vida de uma menininha japonesa que vê sua existência transformar-se quando é obrigada a largar todos e tudo que ama para se deparar com o desconhecido. É claro que nada na vida de Sayuri é fácil durante todos os anos vividos no okiya (uma espécie de agência/escola onde são treinadas as gueixas). 

No decorrer da narrativa, conhecemos a encantadora cultura e costumes japoneses e também a vida e o cotidiano das gueixas, praticamente extintas no mundo atual. Não é difícil para o leitor ficar maravilhado conhecendo um pouco mais da rica cultura japonesa e não se deslumbrar com a beleza, a doçura e a delicadeza das mulheres japonesas. Mas a vida dessas mulheres também é marcada por conflitos, dor, lágrimas e perdas.

E quando uma gueixa se apaixona sua alegria também é um pouco de morte, é dor e esperança. Esperança que nunca desaparece, sentimento que as ajuda a sobreviver.

Em todas as resenhas que li, e nas pesquisas que fiz todas as pessoas frisam a importância de nós ocidentais não pensarmos que as gueixas são meras prostitutas de luxo. Embora o livro dê a entender isso em algumas partes, as gueixas não são mulheres assim. Uma gueixa vende sua arte e seu talento. Foram profissionais do entretenimento do Japão que antecedeu os duros anos de Segunda Guerra Mundial, até os okiyas serem fechados por ordem do Japão Imperial. A educação de uma gueixa, educar e ensinar uma menina até ela se tornar uma mulher com tais requintes remonta a antiguidade.

Enfim...

Emocionamo-nos com todo o sofrimento do qual Sayuri é obrigada a sofrer calada. Apesar da ficção a leitura nos faz ver que existiram realmente mulheres nas condições de Sakamoto Chiyo ou uma Nitta Sayuri. Sem falar nas lindas metáforas, as reflexões de Sayuri sobre sua vida: simplesmente perfeitas. 

E claro, como o romance perfeito que é não posso deixar de falar do amor de Syuri, o Presidente. Desde o momento que a japonesinha esbarrou nesse homem sua vida não foi à mesma. Não vou escrever detalhes, pois o Senhor Presidente é a cereja do bolo, mas deixo vocês com esse quote...

“Do outro lado do pátio de cascalho e subindo mais um lance de escadas passei pelo portão tori até o próprio portão. Lá joguei as moedas na caixa do ofertório – moedas que teriam bastado para me tirar de Gion – e anunciei minha presença aos deuses batendo palmas três vezes e fazendo uma mesura. Com olhos bem fechados e mãos unidas rezei para que me permitisse de alguma forma chegar a ser uma gueixa. Eu suportaria qualquer treinamento, qualquer dureza, por uma oportunidade de atrair outra vez a atenção de um homem como o Presidente.”

No mais é isso, recomendo o livro, todo leitor precisa de verdade conhecer essa história, que embora tenha se tornado um tanto polêmica nos revela um universo diferente, um mundo a parte que eu até ouso dizer que nos tira da zona de conforto em alguns momentos.

"-Sou um homem muito fácil de entender, Sayuri- ele disse. - Não gosto que me mostrem coisas que não posso ter."

"-Nem eu nem você sabemos qual é o seu destino. E talvez você nunca saiba! O destino não é sempre como uma festa no fim da tarde. Às vezes é apenas lutar na vida, dia após dia."

"A adversidade é como um longo vento forte. Não quero apenas dizer que ela nos afasta de lugares aonde poderíamos ir, mas também arranca de nós tudo, menos as coisas que não podem ser arrancadas, de modo que depois nos vemos como realmente somos, e não apenas como gostaríamos de ser."

 日本の芸者 (Gueixas Japonesas)

  

Fonte imagens: Google