Resenha | Um Mundo Brilhante

"A Indiferença é tão fria quanto a neve" 

Nome: Um Mundo Brilhante

No Original: This Glittering World

Autor (a): T. Greenwood

Páginas: 336

Editora: Novo Conceito     

Minha Resenha:

Esse livro a princípio me dividiu, não sei se porque ando mergulhada em romances doces e também em fantasias infanto-juvenis, eu não me preparei psicologicamente para uma narrativa tão conflituosa, para um drama tão real e com personagens tão vulneráveis.

Vou ser bem franca, várias atitudes dos personagens Ben e Sara me incomodaram muito, fiquei de implicância com eles até, mas somente  até certo tempo de leitura, depois tudo foi fluindo, e isso me agradou bastante.

O livro "Um Mundo Brilhante" nos trás Ben Bailey,um professor de história desmotivado, e também barman, trabalho que encontrou como forma de aumentar sua renda salarial.

Junto a Ben está Sara, sua noiva, eles vivem juntos há seis anos, ela ansiando pelos rituais do matrimônio, ele sempre adiando esse momento. Na minha opinião Ben é um homem frustrado, desgostoso de uma relação morna e sem profundidade no atual andar das coisas.

Eles residem em Flagstaff ( Arizona),uma cidade extremamente fria,( me identifiquei total com Ben nisso, ele ama frio também), e após uma noite de nevasca ele acorda e sai de casa, mas logo em frente a mesma encontra o corpo de um homem caído na neve.

Ele então se aproxima e verifica que este corpo é de um jovem  indígena, como muitos outros que moram numa reserva perto da cidade. Ben também nota sinais de espancamento no rosto do rapaz, muito sangue saindo de seus ouvidos. Ele corre e chama Sara, que é enfermeira no hospital de Flagstaff, ela percebe um leve sinal de vida no jovem e chama a ambulância.

À partir desse acontecimento trágico tudo muda na vida desse casal, Ben se sente desconfortável, sempre pensando no jovem, estranhando o fato dele estar no seu bairro, caído, espancado e meio congelado.

Enfim, ele resolve ir ao hospital saber sobre o indígena e lá chegando o informam que seu nome é Ricky. Fica também conhecendo Shadi, irmã de Ricky, com quem ele desenvolve uma ligação forte, um sentimento e afinidades avassaladoras. Com ela ele se abre, conta seus dramas, sobre sua família, sobre sua irmã, uma menininha linda, que morre atropelada quando ela e Ben voltavam da escola, isso quando ele tinha apenas dez anos de idade. Acidente e perdas irreparáveis, que deixam Ben crescer com a sensação intrínseca de culpa, de incapacidade, ele se reponsabiliza até pela separação dos pais.

Com uma personalidade aparentemente fraca, Ben vai nos mostrando as nuances de um coração gentil, magoado pelas perdas da vida.

Ele promete então ajudar Shadi a descobrir o que aconteceu com seu irmão, pois a polícia simplesmente arquiva o caso como simples embriaguês e uma queda levando ao óbito.

Isso os aproxima cada vez mais, e o distância de Sara, que a cada dia se torna mais ácida e arrogante. A relação Ben/Sara está destrutiva, mas quando Ben resolve terminar tudo definitivamente Sara revela estar grávida.

Ben mesmo sofrendo reassume seu papel na relação, tenta acalmar as desconfianças de Sara, mas as coisas já não são as mesmas, e ele sempre se tortura por Shadi.

Entre suas discussões com Sara e o trabalho de barman ele investiga sobre a morte de Ricky e descobre coisas horríveis, jovens de uma fraternidade estudantil filhos de políticos poderosos envolvidos, brigas e preconceito racial, tudo muito intrincado e perigoso.

A autora sutilmente nos envolve num drama denso, triste, numa estória que toca pela realidade dos problemas morais envolvidos.

Talvez por isso eu tenha ficado dividida, odeio que me mandem, que me imponham as coisas. Então o jeito manipulador de Sara me incomodou e me irritou demais, assim como a maneira que Ben sempre se coloca como coadjuvante em sua própria vida. Porém, com calma depois o entendi .

Um Mundo Brilhante é para ser lido com paciência, mas qd a narrativa engrena você se vê fisgado pelos personagens, e vai ver como o livro é bom.

Este é um livro que vai te fazer sair um pouco de sua zona de conforto, e quem não fizer isso não vai gostar da leitura, chego até a dizer que muitos deixarão a leitura pela metade.

Mas os que forem determinados se surpreenderão, assim como eu .

Eu detestei esse livro, pelo seu final.

Eu adorei esse livro, pelo seu final.

Amei esse livro, pois ele me tirou de minha zona de conforto.

Quando vocês o lerem vão entender.

Beijos da Vivi Blood.