Resenha | O Sangue do Cordeiro

Olá, leitores!

Estou aqui com a resenha de um lançamento da Arqueiro para vocês. Li esse livro numa sentada, uma história bem interessante que me fisgou desde o momento em que li a sinopse e vi que tinha religião e vampiros numa mesma premissa. 

Ficaram curiosos? Pois eu escrevi tudinho o que achei ali na resenha.

Vamos lá?  \o

   “Este documento, querida amiga, vai abalar a Igreja.”
Ao ler essas palavras em uma carta encontrada em um arquivo empoeirado, Thomas Kelly fica cético. O documento citado na correspondência está desaparecido, mas Thomas, padre da ordem dos jesuítas, duvida que exista algo com tal poder – até ser convocado ao Vaticano para iniciar uma busca desesperada por ele.Enquanto isso, diante de um conselho formado por seus superiores, Livia Pietro recebe instruções claras: encontrar um padre jesuíta recém-chegado a Roma e juntar-se a ele na procura da Concordata, um tratado que contém um segredo tão chocante que poderá destruir para sempre todo o povo de Livia.Enquanto pistas cifradas do passado lançam os dois em um universo traiçoeiro repleto de obras de arte, maquinações religiosas e conspirações, eles são caçados por pessoas capazes de tudo para achar o documento primeiro. Thomas e Livia, então, precisam correr para montar o quebra-cabeça capaz de redefinir os rumos da história e evitar o caos e a destruição que a revelação da Concordata poderá causar. Livia, porém, tem um segredo: ela e seu povo são vampiros.

Autores: Sam Cabot| Editora: Arqueiro| Ano: 2015| Páginas: 368

Minha resenha:

A primeira coisa que preciso dizer para você, leitor. Esse livro foi escrito por duas pessoas. Sam Cabot é o pseudônimo para S.J. Rozan e Carlos Dews. Mas em momento algum a escrita dos mesmos brigaram não se percebe ideias diferentes ou controversas, tudo caminha linearmente.

O leitor perceberá também que os autores pesquisaram intensamente as áreas da história, arte, geografia e arquitetura do século dezenove, envolvendo tudo isso num thriller investigativo onde teremos sérias considerações sobre questões de fé, e informações sobre Trastevere, o Risorgimento Italiano, a arte e as igrejas de Roma.

Já posso contar também que li com o Google aberto, não quis deixar de pesquisar e conhecer todas essas igrejas e lugares fantásticos mesmo que somente navegando na internet. Isso sim, me fez lembrar como leio os livros de Dan Brown.

Logo quando nos deparamos com a sinopse esse parece ser um livro de terror/mistério, quando na realidade é mais uma história religiosa/mistério com elementos de terror inseridas na trama. O leitor que espera ler um romance com vampiros amargurados ou apaixonantes irá se decepcionar. Os autores trouxeram o “algo a mais” que a literatura sobre esses seres estava precisando.

O Sangue do Cordeiro trás muito mais da religião do que o terror vampiresco, ficando por conta da investigação e dos mistérios obscuros da igreja católica do que sobre pescoços mordidos, se é que consegui me explicar bem. Então posso afirmar que a aventura vai dar o tom e a fluidez dessa trama. Mistério, aventura, religião, história e uma escrita inteligente; acho que consegui expressar O Sangue do Cordeiro.

Em suma, um padre jesuíta, Thomas Kelly e uma historiadora de arte, Lívia Pietro não são o que se espera de uma parceria quando são colocados juntos para localizarem a Concordata, documento que foi roubado da Igreja. É alegado que a Concordata seria tão prejudicial para a Igreja que iria condenar toda a instituição. Sua busca os leva através de Roma, seguindo pistas deixadas por Mario Damiani, um poeta do século XIX que roubou o documento no passado.

A “grande coisa” é que este documento foi assinado por um Papa e os Noantri (Noantri significa "nós outros"). 
A igreja afirma através da Concordata que não perseguirá os Noantri. Em troca dessa imunidade, eles apoiaram o Papa Martinho V durante o tempo em que ele estava liderando a igreja.

Os Noantri não são apenas um bando peculiar aliados à igreja, eles são vampiros.

Não, não soltei spoiler, visto que a sinopse trás esse detalhe, e que detalhe... E que vampiros, me deliciei.

Mas isso é muita responsabilidade para um clérigo. Enquanto padre Kelly está passando por uma crise de fé, confrontando aqueles que ele caracteriza como “crias de satanás” as discussões não giram em torno de fanatismo religioso, mas muitas vezes sobre fé, o mal e outros tópicos muito interessantes. Lívia Pietro e padre Kelly se debruçam sobre papéis e documentos antigos e empoeirados tentando rastrear a Concordata. Dado o assunto, a Igreja e os vampiros, este romance poderia ser mais obscuro e intenso, a história paira sobre os diferentes lados da moralidade, bem como a questão de resolver um mistério, ao invés de cenas de ação e sangrentas. Entendido esse ponto abandonei a ideia do obscuro e vi realmente o que a trama me traria.

No geral posso dizer que o livro funcionou magnificamente para mim, como eu disse no momento que me esqueci dos vampiros de Anne Rice e mergulhei junto aos personagens em busca da malfadada Concordata eu me senti uma “Indiana Jones de batina”... rs

Um livro deveras diferente, uma leitura fluida e muito instigante, fiquei com vontade de ser uma Noantri, vontade de conhecer toda a Itália e não somente Roma, me apaixonei pelo padre Thomas Kelly, o que eu já esperava, visto minha fascinação com homens do clero.

Recomendo a leitura não somente a quem é fã de mistérios à lá Dan Brown, mas para quem gosta de uma trama peculiar e gostosa de ler.

"E de onde viria o alimento quando todos tivessem sangue noantri?Os pretensos imperadores riam dessa questão nas cafeterias e nos bares noantri, nas saunas e nos locais de encontro. A reposta - defendida com toda a paciência por adeptos como Jonah e descartada pelos menos tolerantes - era: a ciência. Afinal o sangue humano era um simples composto químico. Poderia ser clonado, sintetizado, criado. Por que não?Já havia pesquisas promissoras no Japão. Outros estudos se seguiriam. Até lá, os inalterados já doavam barris de sangue, alguns dos quais chegavam em segredo aos noantri havia vários séculos. Mais especificamente, muitos vendiam o próprio sangue para pagar o aluguel e sua cerveja."

Santa Maria in Trastevere

(Fonte: imagens Google)