[Sétima Arte] Blue Jasmine - Por Fabiana Maria

  Como eu expliquei num post anterior vamos reativar a coluna sobre cinema e séries aqui no Razão e Resenhas. A Fabiana escreveu um texto sobre o filme Bue Jasmine que achei tão bacana que trouxe para vocês. Leiam  a resenha dela e assisam ao filme.    :)

 Uma mulher rica (Cate Blanchett) perde todo seu dinheiro e é obrigada a morar em São Francisco com sua irmã (Sally Hawkins), em uma casa muito mais modesta. Ela acaba encontrando um homem (Alec Baldwin) na Bay Area que pode resolver seus problemas financeiros, mas antes ela precisa descobrir quem ela é, e precisa aceitar que São Francisco será sua nova casa.

Porque a Fabiana Indica:

 Eu assisti Blue Jasmine. Sim, claro que eu amei, claro que a atuação da Cate está inacreditavelmente maravilhosa (Oscar, por favor! Que Sandra que nada!). Mas não foi nada disso que me impressionou (de arrepiar e tudo) e sim, o que esse filme simboliza na carreira do Woody Allen. Explico (e só permaneça aqui se gostar de cinema, senão você vai roncar):
Desde uns 10 anos de idade eu adoro Woody Allen. Mas não colocava ele entre meus diretores preferidos porque, pra mim, fã de Lynch, Kubrick e Bergman, aquele não era um diretor no sentido de cineasta. Era um excelente roteirista que fazia filmes. Os filmes do Allen não eram cinema propriamente dito porque tinham como essência a história e os diálogos. Eram cinema por acaso, mas poderiam muito bem ser teatro, TV, Stand up comedy. Um Seinfeld de duas horas de duração exibido no telão.

Quando Allen fez Poderosa Afrodite, eu tomei um susto. A vida pessoal dele tinha sofrido uma baita revolução (e que revolução!) e a crise de meia-idade tinha se refletido em um filme completamente diferente do estilo dele. Eu, particularmente, não gostei. Mas sabia que era o presságio de uma grande mudança.
Quando veio Celebridade, eu lembro de ter ficado profundamente impressionada. Não porque o filme é ótimo, mas porque, diante dos olhos de quem pudesse entender, Woody Allen anunciava: "Descobri o cinema e me apaixonei por ele!". O filme tem identidade visual, faz uso de imagens lindas, do não-dito, do sugerido, do gesto. Era cinema, pela primeira vez! Woody Allen nasceu ali como cineasta.
Mas em Match Point ele mostrou que ainda se renderia a outras coisas. Quem sabe ao poder da aristocracia (logo ele, o sujeito de classe média!)? Quem sabe ao glamour (logo ele, o realista máximo!)? Quem sabe à literatura alheia (o cara que só vivia dos próprios textos!)? Quem sabe a Dostoiévski? E saiu um filmaço, um dos que mais gosto.

A fase que se seguiu foi medíocre e pouco inspirada. Cheguei a achar que era o fim...

Mas veio a Trilogia Estrangeira, começando com Vicky Cristina Barcelona. DEUS, que filme! Mas, peraí! O que ele está nos mostrando ali? Através daquela protagonista? Que sabia que estava estagnado na mediocridade e aquilo o entediava até o último fio de cabelo! Que queria algo que o inspirasse, o amedrontasse, o tirasse de sua zona de conforto! É essa busca pelo novo que as 3 personagens representam. Inclusive a louca feita por Penélope Cruz (AMO!). O de Roma não foi nada demais, mas Paris... Ah, Meia Noite em Paris é a perfeição! E ali ele nos diz mais: encontrou sua inspiração! Encontrou o encanto, o deslumbramento....se apaixonou de novo pelo cinema, renovou os votos! Fez um filme poético e, com o fim, mandou a mensagem: encontrei a fantasia, ela me abriu os olhos, mas escolhi voltar dela. Voltou dos anos 20 mas não voltou de Paris no filme. Voltou da Europa mas não voltou sem bagagem na vida real.

Em Blue Jasmine (UFA, cheguei!), Allen amarra toda a sua carreira em UM SÓ filme! Retorna para os EUA (em parte para NY!), retorna aos diálogos e retorna à sua ironia e insanidade contida. Mas traz a aristocracia, o mundo e seus encantos, a força feminina, os recursos de cinema (CINEMÃO!) e as imagens, os gestos, o não-dito. Tudo isso junto e tão bem misturado que fica homogêneo. Allen abre os braços e mostra em uma Jasmine que nem Jasmine era: Esse não é quem eu fui e nem quem eu tentei ser. Essa não é minha tese e nem minha antítese! Essa é minha síntese, esse sou EU - o que era mais o que me tornei!

Que prazer em conhecer toda a trajetória para poder entender o recado! Que prazer em conhecer Woody Allen por completo em um filme só. Bravo, Allen! Você é um dos meus cineastas favoritos!  

Então galera, gostaram da dica de cinema da Fabiana?

Eu ainda não assisti ao filme mas está na lista de filmes a ver urgente. Assisti ao trailer e adorei, e depois dessa resenha tão apaixonada não poderia deixar passar. Além do quê adoro Woody. O fim de semana chegou, peguem a pipoca e a coca-cola e assistam Blue Jasmine, depois nos conte o que você achou do filme.

Beijos e até a próxima postagem.